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segunda-feira, 16 de março de 2015

PATRIMÔNIO CULTURAL DE MOSQUEIRO




Patrimônio Cultural de Mosqueiro














O encontro e a mistura de culturas fazem de Mosqueiro um lugar especial. A vida do mosqueirense é a síntese da vida dos Tupinambás, seus primeiros habitantes; com a dos africanos que vieram trabalhar nos sítios agrícolas; e com a dos europeus que atraídos pela riqueza produzida pela exploração das drogas do sertão e depois da borracha, descobriram seu encantos.

Da mestiçagem de hábitos e cores, crenças e virtudes, peles e costumes, teve origem o caboclo. De caboclos em caboclos surgiu o nosso povo, de fala doce e da pele morena, herdeiros das lendas, das traições e da história. (Eduardo Brandão e Amaury Dantas)

O patrimônio cultural de Mosqueiro está representado na sua a história, no artesanato, na culinária, nas manifestações populares e também nas edificações. O patrimônio edificado em Mosqueiro tem a importância de ser um lugar de memória, foi palco de relações sociais que decorreram no passado e construíram o que somos hoje. A escritora Raquel de Queiroz imortalizou seus sentimentos no período em que morou com a família em Mosqueiro:

“... Papai voltou para cama, e o médico disse que precisava convalescer na praia. Fomos para o Murubira, no Chapéu Virado; lá o mar não é mar, é rio: as ondas são de água doce; nas praias de areia branca há enormes mangueiras centenárias, e aqui e além, debaixo das árvores, pequenos chalés de madeira, leves e rústicos, pintados de listras de cor.
Eu já sabia nadar e passava os dias com roupa de banho, brincando sozinha, pescando mariscos à beira dÂ’água; estava tão queimada que parecia ter nascido ali; e talvez nem me lembrasse de outra existência e de outros lugares, tão feliz vivia, tão solta, entre a areia e o mar .” (Raquel de Queiroz)

Os Casarões construídos no final do século XIX apresentam forte influência da arquitetura européia. Com telhados arrematados em lambrequins de madeiras são protegidos da chuva e do sol por alpendres laterais. O uso de porões os protege da umidade e o pé direito alto garante uma boa ventilação. Nomes de família, de santos ou lugar de estimação identificam essas construções.
A mistura de cheiros e sabores resulta numa rica gastronomia. Os frutos da “Maré” se destacam com a Pescada Branca, também conhecida com “Pescadinha da Maré”; com o Filhote, com a Dorada, com a Piramutaba e com o camarão regional. O preparo transformou-se em um verdadeiro ritual, a chicória, a alfavaca e o coentro, aqui conhecido como “cheiro verde”, são os temperos prediletos das cozinheiras locais. Estes são servidos fritos, cozidos ou moqueados. Os produtos da mandioca também fazem sucesso, particularmente a “tapioquina do Mosqueiro” cujo recheio fica ao gosto do freguês.
O mês de dezembro é de muita religiosidade em Mosqueiro. É nesta época que a comunidade católica realiza as festividades em homenagem a sua padroeira, Nossa Senhora do Ó. Historiadores consideram o culto à Virgem do Ó o mais antigo entre os povos de língua latina. Herdeiros das tradições afro-brasileiras comemoram no dia de Nossa Senhora da Conceição, 8 de dezembro, o dia de “Iemanjá”, resultado do sincretismo religioso. A comunidade evangélica, em Mosqueiro desde 1911, comemora o dia da Bíblia no segundo Domingo deste mês.
As festas populares são tradicionais em Mosqueiro. Durante a quadra junina, as ruas e as praças são tomadas por dezenas de grupos de Boi Bumbá, grupos de Pássaro e pelas tradicionais “Quadrilhas”. As festas em homenagem aos Santos se multiplicam durante todo o ano. O carnaval é outra manifestação tradicional em Mosqueiro, famílias e grupos de amigos se reúnem para cair na folia. Reunindo trabalhadores que não puderam brincar o Carnaval, o bloco “Pirarucu nas Cinzas” sai em plena quarta-feira fazendo a alegria de seus brincantes.
O imaginário popular é outro elemento da cultura local que apresenta uma grande força e representatividade entre os moradores de Mosqueiro. Figuras como a Matinta Pereira, a Cobra Grande, também conhecida como Boiúna, o Boto e a Iara se multiplicam em estórias contadas pelos mais antigos e admiradas pelos mais jovens. Não foi por acaso que o curta metragem “Matinta” encontrou na comunidade do Caruraru as suas principais locações

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